Não sei ao certo o que aconteceu nos últimos tempos comigo, só posso dizer que de alguma maneira fui parar nas ruas. Peguei sarna e fui atropelada, mas por sorte não quebrei nada muito embora os ferimentos tenham sido bem feios.
Na esquina em que parei depois do atropelamento algumas pessoas de bom coração me davam comida e água, e alguém passou um óleo em mim que acho que era por causa da tal da sarna. O que sei é que sentia muita dor e mal conseguia comer, mancava de uma pata e me coçava muito tentando espantar as moscas, e porque esta tal de sarna coça muito mesmo. O problema maior é que as feridas iam aumentando.
Um dia estava deitada num calçadão e um homem e uma mulher se aproximaram de mim, me olharam e me ofereçam um pouco de comida. No outro dia voltaram e falaram com outras pessoas que me alimentavam do outro lado da rua.
No final do dia chegou um grande carro branco e me levou, mas como o homem que tinha vindo me ver estava lá dentro fiquei mais tranquila, e afinal a dor que eu sentia era tanta que não me importava mais para onde eu estava indo, simplesmente me deixei levar.
Me deram umas duas picadas com uma injeção e me levaram pra outro lugar, com bastante espaço e uma casinha improvisada e bem montada pra mim. O homem e a mulher estavam lá com mais uma outra mulher falando carinhosamente comigo. Trouxeram um pote de água e outro de comida e percebi que eu poderia ficar ali sem me preocupar com a rua, comida e água.
Isto foi no dia 27 de fevereiro de 2006, eu não havia percebido que este seria o dia do meu novo nascimento, porque nos 3 dias que se seguiram recebi água, comida e muita atenção deles, a tia Arizana, a tia Nádia e o tio Carlos, e tinha também um pequenininho que me olhava e sorria pra mim me chamando de menininha e a avó dele, a tia Anazira, e por fim um outro menino que veio me ver sorrindo e dizendo que eu era bonita, o Vitor..(Vitinho).
No dia 1o. veio a tia Gilmara e me deu um saco de ração e depois a jovem Fernanda que veio me ver e ajudar a cuidar de mim junto com as outras tias.
Estas fotos foram tiradas em 02 de março, a tia Salete tirou um pouco antes de eu ir pra Clínica onde agora estou para banho, tosa, curar meus ferimentos e tomar uns banhos.Ficarei aqui até segunda onde completarei 1 semana fora das ruas, e sábado receberei visitas.
Na semana que vem teremos novas fotos e poderão ver como já estou começando a ficar bonitona.
Um dia conversei com São Francisco de Assis, o protetor dos animais e ele me disse que existem pessoas que abandonam seus animais nas ruas por estarem doentes, por darem trabalho ou simplesmente não o procuram quando fogem. Mas existem pessoas boas de coração que ajudam os animais de rua, que vêem neles criaturas de deus que nao sabem falar, que não sabem pedir ajuda, que precisam das pessoas para lhes dar o pouco que pedem...água, comida, casa e carinho.
Se cada um fizer um pouquinho por nós, deus fará o resto por todos, o que importa é que ainda exista no mundo a COMPAIXÃO.
Me deram o nome de Hope, que quer dizer esperança em inglês...porque eu nunca perdi a esperança e aqui estou.
Hope, uma cocker de aproximadamente 2 anos de vida e alguns dias de renascimento.
